inteiros e Frações

inteiros e Frações

sábado, 24 de dezembro de 2011

Simples Assim


Simples Assim

Chega um tempo,
Em que você começa...
A pegar mais leve.

Mesmo num dia frio com neve
Você olha para cima e...
“Lindo sol que me aquece,
Acalenta e me ferve,
Quente calor fraternal
Que me aquece.”

Eu fiz um amigo hoje que,
Por mim,
Seremos sempre amigos;
Podemos ter brigas dolorosas
Como dores nos sisos,
Pode ser que um dia
Ele não mais goste de mim
E possamos ser inimigos,
Mas eu direi:
“Hey Cara, eu sempre vou te amar!”

Porque cada dia nessa vida
É sempre um dia mais gelado,
E tudo que se faz
É ficar bem agasalhado,
Mas na verdade não se pode
Esconder o que está guardado.

Saia desse frio
Atravesse a ponte desse rio,
Não é como caminhar no alto
Em cima de fio.

Chega uma hora,
Em que você vê
O estado em que fica
Sua mente quebrada e entristecida,
Sua felicidade esquecida;
E percebe que no fundo do buraco
Para qualquer lado que se vá
Você para cima sempre irá
E uma hora o topo alcançará.

Foi assim que eu achei...
Um canto ao sol eu encontrei,
 O primeiro passo
Que um homem feliz dá
É o primeiro passo
Que um homem desgraçado deu.

Sou um infeliz
Que um dia aprendeu,
Sou o feliz
Que finalmente entendeu.

Porque cada dia nessa vida
É sempre um dia mais gelado,
E tudo que se faz
É ficar bem agasalhado,
Mas na verdade não se pode
Proteger e esconder certas coisas.

Chega o momento
Que você sente um vazio
No seus sentimentos;
Que poucas pessoas lhe sorriem...
Não são tantas quanto você queria,
Mas quem sabe...
Não são tantas quantas você merece?

É então que você pensa,
Que a tudo daria
O que não faria...
Quantas palavras não diria...
Quanto valeria...
O que se precisa fazer,
O quanto feliz não ficaria...
Se existissem
Pessoas felizes que lhe sorrissem.

Então você percebe
Que você não vai ajudar
Se se desesperar
Que disso não vai escapar Se não parar de chorar
Na lama vai continuar
Se não mudar.

Porque cada dia nessa vida
É sempre um dia mais gelado,
E tudo que se faz
É ficar bem agasalhado,
Mas na verdade não se pode
Proteger e esconder certas coisas.

Parece complicado
Mas talvez você não tenha se certificado
De ter o peso do orgulho deixado
Depois de tudo isso
Você vai lembrar do meu conselho
E vai perceber que...
É tudo, é simples assim.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Plagio


Plágio

Eu sinto na minha voz
Um tom desesperado,
A solidão desesperadora
Me deixa cada vez mais cansado.

Quando os dias se põem a calar
E as mais longas noites
Estão a me apavorar:
Homens de papel tentam se transformar
E carne e osso se tornar.

Para carne e osso se tornar
Uma antropofagia é ato
Que deve se consumar.

Estão a me apavorar
Estão em pedaços me desfazendo
E a cada pedaço comendo
Estão a me matar
Num tipo sinistro de antropofagia.

Pessoas estranhas
Comem minhas entranhas
E eu estou todo esfolado
Todo bem temperado:
Com minha carne no sal e limão,
Espetado em arame farpado.

São homens de papel
Tentando se transformar
Para de carne e osso se tornar.

Eles realmente acreditam
Terem o direito
De fazer tudo do seu jeito.

Eles estiveram aqui talvez antes que eu
Um dia pudesse estar,
E através do que eles absorvem de mim,
Esperam que depois de mim
Possam continuar sendo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Autodestruição


Autodestruição

Há um grito estridente
Do qual não se pode deixar escapar,
Há uma vontade ardente
De algo que não deve-se realizar,
Há um desejo
Que se contorce...
Tentando se esgarçar.

Uma coceira no umbigo
Da qual você não pode se desfazer,
Um pensamento
Que você não pode repreender.

Então você simplesmente...
Simplesmente o libera
Para novamente acontecer.

Você o alimenta
E isso lhe satisfaz,
E sorrateiramente
Ele se torna gradativamente...
Independente, capaz,
A medida que o tempo passa
Ele vai pedir mais...
Mais...
E mais!

Uma bala abaixo de
Uma língua suada,
Um conteúdo místico de
Uma seringa já injetada,
Uma pedra fumada
No escuro da noite calada.

Você senti ele por dentro...
Lhe queimando,
Ele está lhe fulminando
Está lhe torturando
Ele está te dominando;
A criatura ao criador...
Está derrotando.

É um segredo ácido
Muito corrosivo,
Ele é seu tanto quanto
Você é dele;
Mas o segundo é mais agressivo.

Foi uma bala abaixo
Da língua suada,
Foi um conteúdo místico
Da seringa injetada,
Foram pedras fumadas
No escuro das noites caladas.

A medida que o tempo passa
Ele vai pedir mais,
Ele sempre pede mais...
Mais...
E MAIS!!!

sábado, 26 de novembro de 2011

Primeiro Amor


Primeiro Amor

Seus olhos azuis
Quase cinzas
Reluzem como par de platinas
Tão lindos e calmos
Puros como águas cristalinas.

Seus lisos cabelos negros
Estabelecem uma sombra
Que deve ter lá seus segredos
Esconde um jardim secreto
Onde se tem por perto
Flores de amores
Rosas de desejos
Produzem em lampejos
De uma atração
Que me corta como um raio,
Cavalgando num trovão.

Eu nunca fui um homem muito religioso
Mas voltei a rezar
Para com uma chance de lhe ter
Poder pedir
E se o caso for
De até Dês coagir
Eu irei persistir.

Sua voz ouvir, para mim
Fora incrível
Eu tentei e me esforcei
Fora impossível
Me apaixonei quando ouvi-la
Bendita sereia!
Mas há algo ininteligível: você  não tem metade peixe,
Que inverossímil.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Capitu


Capitu

O que será que ela esconde...
Por dentro?
E foi um enigma tão intenso
Que eu não pude desvendar.

Ela mente?
Se mente...
Mente para não chorar,
Ou para se salvar?
Ela pode me amar cegamente,
Ou será que está a me odiar?

Eu não sei
Não entendo
Como não consigo me explicar!

Sei também
Que esse olhar
Não é literal
Tem-se nele algo para desvendar.

Os de segredos
Olhos negros de Capitu:
O infinito e os seus mistérios
Desceram os seus enigmas indecifráveis
Até a escuridão de olhos negros
De segredos infindáveis.

domingo, 20 de novembro de 2011

Além da Carcinogenia Epidérmica


Além da Carcinogenia Epidérmica

Eu não sei,
Mas esses últimos raios Ultra Violetas
Me atingiram de forma intensa
Não mudaram apenas seqüências de DNA,
Mas tudo que há
E que já houve no meu coração;
Mexeu mais do que na minha razão
Proporcionou um bombardeio de emoção.

Eu não sei,
Mas esses últimos raios Ultra Violetas
Não só deixam a marcar do câncer;
Deixam marcas mais indeléveis
E dá uma dor de cabeça que,
Tomara um dia eu esqueça.

Essa chatice em alta instância,
Ela tem uma potência,
Uma capacitância
Para subtrair paciência,
E têm ciência
Dessa sua insuportável doença.

Só entre nós Ultra Violetas,
De um possível câncer...
Para outro:
Se marcar minha pele,
Como é muito do seu agrado,
Mostrarei o quanto a ti
Posso ser equiparado
O quão desgraçado
Posso lhe tornar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Navegador


Navegador

A bussola aponta para longe
Mas não serei desviado
Mistérios atemporais, nuvens que escondem o sol
Também nublam aquilo que será revelado.

Sonhos vem e vão
Crescendo como uma nuvem
Feita de água a evaporar
Morrendo como chuvas
Que se explodem ao longo do mar.

Para onde, ainda não sei
Sobre as águas eu andarei
Para se sentir tudo aquilo
Que se liberte
Eu andarei sobre águas
Navegando no por do sol.

As luzes onde anjos andam
São flechas incandescentes,
São as primeiras horas
Do nascer do sol que chega
Do qual muitos se encantam.

Eu ouvi o som que
Fez meu coração explodir
Eu soube naquele exato momento
Qual era o destino a seguir.

Eu navego entre rochas e ruínas
Vejo fantasmas de navegadores
Dobrando cada esquina
Ao navegarem ao por do sol
Atrás de tesouros
Atrás de brilhantes
Atrás do arco-íris, fortunas cintilantes
Mas seus esqueletos dançantes
Dançarão bem longe do seu sonho realizado
Próximo das cereias
Do desejo naufragado.

Eu sou navegante
Carregado pelas ondas,
Sempre adiante
Remando para liberdade.

Sonhos são como a precipitação:
Eles se formam,
Se estouram
E se vão
Mas eu tenho o controle do leme
Do meu coração.

Para onde, ainda não sei
Sobre as águas eu andarei
Para se sentir tudo aquilo
Que se liberte
Eu andarei sobre águas
Navegando no por do sol.

sábado, 5 de novembro de 2011

Carro de Apolo


Carro de Apolo

O entardecer:
Manto crepuscular
Denotação de mais um dia a morrer
Oposto e complementar
De quem já esteve a viver.

O amanhecer:
Raios de luz estão a brandir
Uma bandeira para aqueles que devem viver
Oposto e complementar
Àqueles que outrora estiveram a morrer

Definiram assim
O passar do tempo em dias,
E dia após dia,
Até que seja apagado
Do livro da vida.

Sempre é mais frio
Instantes antes do amanhecer,
É sempre mais quente
Instantes antes de anoitecer.

Entardecer e Amanhecer
É pesar e contra-pesar
Para se balancear
Para o equilíbrio estabelecer.

Este é seu propósito
E assim o será
Até que não haja mais propósito
E assim o será
Dia após dia
Até que seja apagado
Do livro da vida.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Obsessão


Obsessão

Eu sinto cheiro de naftalina,
Nas suas memórias
Você usa um tipo de anilina,
Que lhe tinge um sorriso no rosto.

Seu coração embebido e conservado
No formol de memórias;
Prosseguindo assim
Há para ti um destino condenado.

O destino já está traçado
Não há nada
Que possa ser revogado
Não há o que possa ser concertado
Isso não deve ser remexido
Nem revirado
Está acabado;
Passaram-se 15 anos
Que você protesta o decretado.

Negue o príncipe encantado
Ache novos motivos...
Para chorar esse seu coração quebrado.

Eu conheço essa lagrima
Já ouvi esse suspiro
Sei que não devo
Mas interfiro,
Sempre o mesmo filme
Vinte vezes ao dia!

Eu fico intrigado
Por que você não simplesmente deixa
O portão das possibilidades escancarado?
Há alguém
Que quer estar ao seu lado,
Com um tubo de cola
Para seu coração quebrado.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mamãe sempre soube...


Mamãe Sempre Soube...

Estou de mudança para outro plano
Irei rumo ao sul este ano,
Finalmente eu descobri...
Eu sei qual caminho
Ela tomou.

Eu sinto o perfume dela
Se dissipando
Guiando-me
Pelo caminho por onde ela passou.

Mamãe sempre disse
Que para tudo que se pensasse
Ou que se fizesse
Ter-se-á o resultado que merece.

Eu não faço o que faço
Contando cada passo
Esperando do Papai Noel
Um bom presente,
Aos menos que dentro tenha
Aquela que se fez ausente.

Eu perdi a melhor parte de mim
Em algum lugar,
E agora
Não consigo mais a ela encontrar;
Não poderei mais me completar,

Desculpe-me Mamãe!
Como poderia fazer por merecer?
Como poderia fazer-lhe entender?
Como lhe dizer o quanto importante
É o que eu estou a perder?

Nunca estive tão frustrado,
Nunca tão cansado,
Tenho tentado esconder os erros
Mas esta tão colossal incompletude
Torna-me fracassado.

Vou até onde ela possa estar
Seja lá onde for,
Aonde eu vá a ela encontrar.

Vou construir um reduto
Para que nós possamos
Um dia chamar de lar.

Eu perdi a melhor parte de mim
E chorei,
E para Mamãe
Eu sempre serei o garoto mimado
Assim tão acanhado
Por ter perdido mais um brinquedo;
Ser apenas mais um sentado
Sentando em um canto: emburrado.

Eu senti o perfume dela
Mudando de direção
Assim como um vento de monção,
E assim como tal
Achei normal
Mesclando ao fantasma que é
O perfume dela
O gosto do sal.

Estou na trilha
Da qual ela rumou,
Agora sei
Qual caminho ela tomou.

Só há um lugar
Onde possa a ela encontrar,
Lugar abundante em sal
Mais do que minhas lagrimas
Tal lugar
Só poderia ser o mar.

Quando estava ao longo da praia
Posto a caminhar
Tentando a ela encontrar.

E enquanto caminhava
Ao longo de uma praia salgada,
Minha mente ficara acuada,
Minha carne tornou-se gelada;
Vi um fantasma do passado
Todo engasgado
Com um reencontro não marcado;
Era ela.

E eu vi a mudança
Nos olhos dela
Eu tentei neles me encontrar,
Mas não havia o meu reflexo neles.

Ela não diz
Mas facilmente se lê:
Que a esperança dela por nós se foi,
E ela novamente fugindo
É o que se vê
Mesmo agora,
Parada na minha frente.

Ela que enchera a mala de sonhos,
E assim se foi
Realizando uma grande jornada
Até aqui;
Ela que ao partir
Partiu sem se despedir.

Não é justo Mamãe!
Me esforçar
Para no final observar
Que a mulher que jurei amar
Tem uma aliança de ouro e brilhantes
No anelar da mão esquerda.

Triste e sozinho
Terei de voltar,
Feridas dolorosas terão que cicatrizar.

E agora no fim,
Posto a pensar
Posso finalmente compreender:
Se Mamãe relutou-se antes
Foi para que não pudesse eu saber...
Saber de um caminho
Onde não poderia percorrer.

Mamãe desde o primeiro momento
Compreendeu o que houve,
Pois Mamãe
Sempre soube.

sábado, 29 de outubro de 2011

Promessas


Promessas

Nós somos agentes de belas mentiras
Essas são as mesmas faces
De trapaceiros passados
Eles dizem que ficará tudo bem
Eles rezam palavras de um futuro
Muito próspero também.

Sangue pela sarjeta escorre
Junto a lama de sujeiras literais
Mas o que nos suja
São esperanças e palavras
Frutos de ilusões fatais.

Eu estava lá
Quando era moda usar
Uma estampa a despojar
Toda a revolta que se podia expressar
Alguns diziam:
“A paz viverá para sempre”
E outros à estes pôs a silenciar...
Eternamente.

A moral pela sarjeta escorre
Junto de sujeiras figurativas
Mas o que nos suja
É o sangue de nossos filhos
Como perdas de uma guerra
De conflitos de interesses
Que sempre nos ferra.

Eu estou aqui
Reparando no ódio que estamos cultivando
Olhando a morte que estamos alimentando
Em nome de mentiras
Em nome de palavras mortas;
Por promessas.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nós Morremos Jovens


Nós Morremos Jovens

Desde quando nascemos
Estamos sujeitos
De externos efeitos
E é sempre pela mesma doença
Que nós morremos.

 Nasce-se puro
Nasce-se burro ignorante,
Mas é a partir do primeiro choro...
Desde de o primeiro instante
Eles irão matar sua individualidade
Sua capacidade
De ser diferente;
Será uma briga incessante,
Porque a todo instante
Na ampulheta do tempo
Seu espírito morre
E o que sobra escorre
Para o ralo chamado:
Senso Comum.

Sem identidade
Sem personalidade
Cérebro sem a capacidade
De ter criatividade.

Nós morremos jovens
E nossos pais nem lembram
De nossos rostos,
Porque os fatos a essa altura
Nos mostram que
Nós nascemos na sepultura.

Depois de mortos
Nossas almas se transformam
Em emaranhados de códigos de barra.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Bem Vindo ao Jardim do Éden (Apocalipse)


Bem Vindo ao Jardim do Éden
(Apocalipse)

A Mão dos Fatos e Conseqüências
Está se norteando
E é pra você que Ela está apontando.

Sabido é seu “como”
O seu “quando” e o seu “porque”,
Sabe-se também
As catastróficas conseqüências,
Resultando em desgraças
Em seqüência;
Mas o botão do “dane-se”
Que move essa Mão
Não pode ser detido
Não pode ser contido;
Pois a outra Mão
Que aperta esse botão,
É a Mão
Da ignorância humana.

Mais um Ciclo de Produtos acabou,
O prazo espirou...
Para o produto “Ser Humano”.

A verdadeira podre maçã somos nós,
O fruto proibido
Foi a nossa própria língua.

Os horizontes não são mais
Os mesmos que outrora fizeram
Palpitar o coração de outros mortais,
Isso porque os anjos estão dos céus a cair,
Queimando e caindo,
Eles riscam os céus...
Queimando e ruindo,
Eles estão em chamas
Por causa do aquecimento global.

A cura para uma juventude
Que é entediada e doente,
É a química transcendente
E criticar o sistema
Onde vive abertamente,
Para adora-lo
Como a Mamon... secretamente.

Nós amarramos nossas mãos
Que Deus veio afrouxar,
Mas demônios de ganâncias
Vieram aos nós reatar
Vieram aos nós reapertar.

De lado à lado
Vê-se crianças crescendo
E a dor cedo de mais conhecendo
Torna para elas a voz da fraternidade
Um silêncio calado,
Um nome amaldiçoado,
Sem significado.

Nós vivemos nesse lugar
E neste nosso lar,
Você sempre tem algo para lhe afundar.

Prepare o velório antes da morte;
Nós apostamos contra nossa própria sorte
De poder fugir novamente da morte,
Estamos presos em regime fechado
Na penitenciária Jardim do Éden.

Neste eclipse
Onde se escurece e se obscurece
A moral humana padece,
Onde queima-se e consome-se o apocalipse.

É o fim de uma espécie arcana
Ou de sua sociedade mundana?

Aqui no Jardim do Éden,
Você sempre tem algo para se apegar,
Uma algema de tentações para lhe prender;
Está a se auto-dilasserar
Sempre está a se perder,
Você nunca irá saber
Se está a viver
Ou se está a morrer.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Crianças


Crianças

Vendendo-me por algumas moedas
Assustado com o próprio reflexo...
No espelho;
Atrasado para tudo
Sem tempo para todos,
Sou o atrasado e falante coelho branco.

Eu sou uma criança em prantos,
Jogada pelos cantos,
Que morre aos poucos pelos cantos...
Pelos cantos e sozinho.

Tem-se um paradigma
Difícil de se quebrar;
Na verdade:
É uma quebra impossível.

Frustrado, irritado e cansado,
Tentei que isso fosse descartado,
Mas isso não pode ser arranjado.

E você nunca parou para pensar,
Certamente quando o fizesse, iria se assustar;
Quando soube
Que nós todos somos iguais.

Nós somos crianças em prantos,
Jogados pelos cantos,
Que morrem aos poucos pelos cantos...
Pelos cantos e sozinhos.

Tomada de Visão Humana


Tomada de Visão Humana

Até onde se detêm a humana aparição
Há a impressionível utilização
De meios e objetos artificiais.

Onde o pratico estende seu véu
Destoa o sentido das coisas
Destoa suas finalidades
Suas utilidades
E desordena e confunde
O verdadeiro sentido e começo
De toas as coisas.

O olhar daquele único que pôde
Aprender o modo de ação da Natureza
Está voltado com grande frieza
Para o lucro a alcançar
Essa é a verdadeira
Tomada de visão humana.

Até onde se detêm o humano coração
Há a impressionivel utilização
De sentidos e sentimentos
Ambos artificiais
Ambos em sento
De contra-mão
Focalize seu olhar com mais precisão
Essa é mais uma
Tomada de visão humana.

Discutir a dos anjos sexual opção
E a de demônios canonização
E quem deve deter a permição
De realizar uma limpeza étnica
Com alguns megatons;
Essa é a verdadeira
Tomada de visão humana.

Astigmática
Um pouco turva, emblemática
Míope
De uma moral deturpada e medíocre
E o embaçar que lhe parece poeira
É catarata
Somada a uma viseira
De nome egoísmo
Formam uma tomada de visão
Que a mim torna-se familiar
Basta sem os olhos humanos olhar
Para poder-se-á enxergar. 

Casca Vaiza


Casca Vazia

Eu sou apenas uma casca vazia,
Você roubou tudo
Que dentro de mim existia,
E negou promessas
De tudo aquilo que nele cabia.

Eu sou apenas
Mais uma casca vazia
Um lugar vazio
Onde ecoa um choro
Vibrando em coro;
Não me faz esquecer
A loucura dessa dor.

Não vou mais
Chorar por você,
Pois não cabe mais você no meu coração,
Minha mente sente...
Já está crente
De que quando você afunda
Também me afoga;
É uma loucura da qual
Não consigo ficar são.

E eu sei que posso ficar legal
Consigo superar
E voltar ao normal
Se você for capaz.

Se essa vida de rancor continuar,
Eu sei que você pode entender:
Eu me sinto melhor se morrer.

Eu sei que posso ficar legal,
Consigo superar
Se você se calar,
Se parar de ecoar...
Se seu nome parar de ecoar
No meu vazio.

sábado, 27 de agosto de 2011

Questão Celeste


Questão Celeste

É tarde na noite
Venta forte e sinto frio
Mas é o medo
Que levanta meu arrepio

Eu sonhei vezes a mais,
Sonhei por angariar sabedoria
Sonhei que um dia
A tudo entenderia
Que a sabedoria
Um dia alcançaria
E tudo que se necessitasse saber
Eu compreenderia.

Hoje sei,
Eu não gosto do que sonhei
O medo em que me arrepiei
Fora do que compreendi.

Compreendia a vaidade de homes
Que crêem que tudo que fora feito por Ti
É endereçado a eles.

Eu feliz sonhava
Mas não sabia
Onde caminhava.

Eu sei que é triste
Mas é verdade:
Algo está muito errado
Pelo amor
Eu nunca estive certo,
Questões sobre viver e morrer,
Eu nunca mudarei essa dor.

Estendendo suas mãos aos céus
Louvor insano e fanático
Declamam doentes amores
Eles gritam e exclamam:
“Senhor, Senhor!”
Mas nunca vão curar suas dores.

Eu sei meu Senhor!
Eles deturpam
Eles parasitam
Eles usam
Eu não posso aceitar,
Não como eles querem colocar
Não as infâmias que estão a nos forçar.

Eu fujo dos falsos profetas
O que torna tudo
Uma eterna fuga.

Eu quero acreditar,
Mas sem algo para me apoiar
Não posso Lhe alcançar,
E eu sofro
Eu me amedronto
Com o inferno que estou vivendo
E que viverei.

Pois a um inferno especial
Onde muitos estão a queimar
Porque não estiveram
Dispostos em Ti acreditar.

AH!
Eu sei,
Você não pode me perdoar
Não aquele que descorda
Não aquele que não se dispõe a acreditar
A abordagem confusa
Que muitos estão a disseminar.

AH!
Eu sei,
Você deve ter se sentido traído
Eu estou falido
Não quero queimar
E arder;
Esquecerei que tenho um cérebro
Para pensar
Não mais procurarei entender.

Eu sei,
Você não pode me perdoar
Eu sei
Sozinho agora eu hei de caminhar
Caminhar tarde da noite,
Venta forte e sinto frio
E então um arrepio me lembra que
Estou sozinho
Sozinho,
Sozinho.


* Inspirado nos pensamentos de pessoas céticas, niilistas.

Indecomponível


Indecomponível

Nenhuma operação
Nenhuma química reação
Nenhuma redução
Ou diluição

Não há contração
Impossível desfragmentação
Impossível destruição
Impossível decomposição.

É aquilo que nenhuma operação
Poderá reduzir em partes
Mais simples do que as apresentadas.

Indestrutível, indecomponível
O que poderia ser...
Se não o amor?

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vento que Sopra, Vento que Muda


Vento que sopra, vento que muda

Não olhe para traz
O vento que sopra
Estará a lhe levar
A poeira que lhe cegará.

Não olhe para traz
O vento de mudança
Empurra a vela
De seu barquinho de papel
Para bem longe.

Sinto o cheiro do futuro
no vento que sopra
As nuvens que estão
Ao céu nublar
Irão se precipitar,
Mas seu barquinho de papel
Também é papel contáctil.

Àquilo que lhe é denegrivel
A este é impermeável
E ao vento que lhe sopra,
Assim tão amigável,
Irá move-lo a jusante da tormenta
Isso lhe será inegável
Lhe será inevitável.

Esse vento de mudança
É o sopro na ferida
Que alivia a dor.

Vento de mudança:
Nova esperança
Vento que sopra,
Na permita que eu sofra.

Céu Estrelado


Céu Estrelado

Como é linda
A luz delas
Como seria bem vinda
Se uma a mim
Fosse concedida.

Linda, distante, imponente
Transparece respeito
E provoca suspiros.

Perfeita, indiferente, prepotente
Transparece inalcançabilidade,
As musas de muitos poemas escritos.

Dá para se angariar
E tal beleza alcançar;
Todos querem um dia
Uma estrela se tornar.

Dá para sentir fomentar
A luxuria se alastrar,
Antes de mais outro dia
A sua beleza irão comentar,
O pedestal que lhe colocam
É advindo da inércia
De olhares que lhe focam.
 
Estão alimentando um leão
Que ainda comerá sua mão.

Angariando passo a passo
Seguindo um determinado compasso
A imagem que transparece ser
É na realidade...
Tudo que você pode ser
Pois é tudo que você quer ter.

É bem verdade
Que quem nasce ao avesso
Não tem a capacidade
De se tornar estrela.

É bem verdade
Que deve-se mutilar a humildade,
Deve-se deixar sua humanidade:
Um astro não tem a capacidade
De lembrar da humildade
Da qual advêm
Pois lhe convém:
“Sempre fora essa celebridade
Desde o início dos tempos.”

Um astro não tem a capacidade
De sorrir por um motivo
O seu sorriso deve ser o motivo alheio,
Motivo de se emocionar
De se apaixonar
E deste se escravizar
E se arrastar;
Pois todo o astro
Precisa de seus satélites.