Encefalograma
Essa sua massa cinzenta,
Na verdade,
É um grande maciço de confusão.
É apenas um aterro sanitário
Onde Eles despejam o que querem
E quando penetram em nossos pensamentos
É como voar bosta no ventilador.
E como tal em um ventilador,
Você vê merda em todo lugar,
Não importa qual maldito ângulo você possa olhar,
Porque Eles não apenas “ventilam” isso;
Cai-se de pára-quedas
Ou despencam como numa chuva.
Sempre tem alguém a te mirar:
Parece que todos esses paraquedistas infames
Lhe fizeram área de pouso,
E parece forte a torrencial chuva de injúrias
Da qual só os Engomados do Colarinho Branco tem o guarda-chuva.
Eu me escondo tanto
Tentando escapar de mim mesmo,
Tentando não pensar
Como se tudo o que acontecesse,
Eu não estivesse a par;
É mais um jeito de tentar escapar
Escapar de lutar
Lutar para mudar
Escapo para me acomodar
Deixar de pensar
Para penetrarem em meus pensamentos.
Autoflagelação,
Pseudocaridade,
Receitas de nossa verdadeira sociedade,
Eis o nosso fomento de insanidade;
Ridícula e hipócrita encenação
Apenas uma compensação
O preço de uma auto-absolvição
Uma pequena indulgência
Para atenuar nossa sentença
Alimentando a descrença.
Mecanismo paliativo
Ato retroativo
Uma grande esquizofrenia
Fantasia de uma vida em sociedade
Secretando rituais pagãos de individualidade.
Essa sua massa cinzenta
Na verdade é um turbilhão;
Um grande maciço de confusão
Que sufoca a razão;
Apenas um aterro sanitário
Que lhe coloca em comunhão
Com a hipocrisia;
Te transforma numa negação
Destruindo toda uma geração.
Reclame dos seus problemas,
Planeje e maquine novos esquemas,
Talvez alguém novo para apontar,
Algum bode expiatório para acusar
Um coitado para esfregar-lhe a ferida.
Mas antes de reclamar saiba:
Não há inocente
Que seja penitente.
Nós sabemos o que fazer
É conhecido o que deve mudar
Não há como fingir, não entender.
Se você escolhe se esconder,
Se decidir se calar
Então,
Você já sabe a quem culpar.